Pelo menos 2,8 milhões de pessoas morrem todos os anos como resultado do excesso de peso e da obesidade. Hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes e patologias vasculares cerebrais são apenas alguns dos elementos agravantes que têm consequências pesadas na qualidade de vida.

Antes do aparecimento da covid-19, a obesidade era considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a pandemia mundial do século XXI. Agora sabe-se que as duas pandemias podem estar intimamente ligadas.

Segundo os dados mais recentes, de 2016, a obesidade atinge mundialmente mais de 1900 milhões de adultos com excesso de peso (39%), sendo que, deste grupo, mais de 650 milhões são obesos (13% da população mundial adulta). Nas crianças e adolescentes, entre os 5 e os 19 anos, são mais de 340 milhões os que sofrem de excesso de peso ou obesidade. Já sobre as crianças com menos de 5 anos, os últimos dados são de 2019 e mostram um resultado muito preocupante: 38,3 milhões com excesso de peso ou obesidade. 

Estes números relacionados com a obesidade quase triplicaram desde 1975 e aumentaram quase cinco vezes mais em crianças e adolescentes. Em todos os países, o problema atinge pessoas de todas as idades e grupos sociais.

Segundo o último Retrato da Saúde, o excesso de peso e a obesidade são dos fatores de risco que mais contribuem para a carga de doença dos portugueses. De acordo com o Global Burden of Disease, em 2016, em Portugal, cerca de 41% do total de anos de vida saudável perdidos por morte prematura poderia ter sido evitado se fossem eliminados os principais fatores de risco modificáveis.

Em Portugal, segundo o Retrato da Saúde 2018, que tem em conta os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), a prevalência de excesso de peso está nos 81% para os idosos. Nos adultos, atinge os 55% na população feminina e 59% na população adulta masculinaNas crianças, a percentagem de prevalência de pré-obesidade e de obesidade é de 25%.

Figura retirada do documento Retrato da Saúde 2018.

O Retrato da Saúde revela ainda que, através do segundo Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF), se estima que 5,9 milhões de portugueses têm excesso de peso.


A obesidade é evitável

Segundo a definição do Serviço Nacional de Saúde, a obesidade é um problema de saúde pública e uma doença crónica, em que o excesso de gordura corporal acumulada pode afetar a saúde. Requer esforços continuados para ser controlada e constitui uma ameaça grave para a saúde, sendo um importante fator de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças. 

A causa fundamental da obesidade e do excesso de peso é o balanço energético entre calorias consumidas e calorias gastas. De acordo com a OMS, globalmente nota-se um aumento de consumo de alimentos energeticamente densos, ricos em açúcar e gordura. Paralelamente, há também um aumento de inatividade física como consequência das formas de trabalho mais sedentárias, das alterações nos meios de transporte e do aumento da urbanização. 

Para não ser obeso ou reduzir a obesidade é preciso combater o sedentarismo e a alimentação inadequada. Assim, aumentar a atividade física e reduzir a ingestão de calorias é fundamental para o tratamento da obesidade.

Segundo o Manual MSD, é mais fácil prevenir do que tratar a obesidade, isto porque, quando há um aumento excessivo de peso, o corpo resiste à perda – ao reduzir a quantidade de calorias consumidas, o corpo compensa ao aumentar o apetite ou ao reduzir o número de calorias queimadas em repouso.


A OMS aponta as consequências de um Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, que pode levar a doenças não transmissíveis como:


– Doenças cardiovasculares;

– Diabetes;

– Distúrbios músculo-esqueléticos (osteoartrite);

– Alguns cancros (endometrial, mama, ovário, próstata, fígado, vesícula biliar, rim e cólon).

O risco para estas doenças não transmissíveis aumenta com o aumento do IMC.

Para calcular o IMC, divide-se o peso em quilogramas pela altura em metros quadrados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o excesso de peso como o IMC igual ou superior a 25, sendo que a obesidade se declara com um IMC igual ou superior a 30.

Risco de obesidade por IMC:


– Baixo peso ≤18,5

– Peso normal = 18,5 – 24,9

– Excesso de peso = 25

– Pré-obesidade = 25 – 29,9

– Obesidade = 30

Classe 1 = 30 – 34,9
Classe 2 = 35 – 39,9
Classe 3 = 40

Dados: SNS24

Uma nota: por si só o IMC não é a medida perfeita para diagnosticar a obesidade, já que não faz a distinção entre o tecido muscular e o tecido adiposo. Com base apenas no IMC, algumas pessoas podem ser consideradas obesas, por exemplo, quando possuem muito músculo (que pesa muito mais do que a gordura). Assim, o IMC deve ser a base mas deve ter em conta também outros métodos de avaliação corporal como a percentagem de massa gorda, perímetro abdominal ou a gordura visceral.


Conselhos para prevenir e combater a obesidade


Ver Fontes (11)